Writing, Flying and Huevos Revueltos

January 30, 2006

The Lord of the Song



Links:

The Lord of the Song (no final tem uma foto da casa do Leonard, na neve (eu na neve! Rsos)
http://montrealswinds.blogspot.com/2006/01/lord-of-song.html

Versão original de Hallelujah, de Cohen
http://montrealswinds.blogspot.com/2005/11/verso-original-de-hallelujah-de-cohen.html

Tradução minha, p/ português, de Hallelujah, de Cohen
http://montrealswinds.blogspot.com/2005/11/traduo-rapidinha-da-ks.html


Gente, desculpe não ter estado em casa p/ receber os que vieram fazer uma visitinha. Estou me descabelando em competição com o tempo; saí de circulação por causa disso e não respondi e nem fui visitar os @migos. Estou cheínha de trabalhos, alguns acumulados, e sobretudo, com problemas com o meu computador. Aí só uso o laptop e p/ mim não é suficiente porque nele não instalei todos os programas que preciso p/ trabalhar. Já deu p/ ver o stress, né? Vou respondendo tranquilamente e estou tentando também terminar o texto sobre a dor do parto, que mais de um já me cobrou, inclusive a Loba.

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Hoje, estou é a fim de falar no meu amor pelo poeta aí de cima.

Leonard Cohen doôu sua própria casa, aonde ele morava com Suzanne, p/ ser o Centro Zen Budista do meu bairro - ali em frente do parquinho português da rua Marie-Anne e esquina com Saint Laurent, aonde eu fazia minhas meditações semanais - agora parei porque me dedico mais à Meditação Vipassana do que ao Zen-.

Rufus Wainwright e Leonardo vêm ambos de Montreal. Lembro-me que uma vez Leonard Cohen disse que ele foi muito influenciado por seu vizinho e primeiro professor de violão, um exímio músico cigano-espanhol que se suicidou por amor.

Nick Cave, inspirado pela canção “Hallelujah” de Leonard, fez a sua própria versão, a qual tem a voz da mãe de Rufus, que ainda mora em Montreal, no côro final.

“Hallelujah” continua a ser regravada por muita gente depois de mais ou menos 20 anos, mas todos são unânimes em reconheer que a melhor interpretação ficou na voz de Jeff Buckley, mesmo talvez por causa desta ambivalente sombra espiritual e demais humana que cercava o artista, morto relativamente jovem.

A lista de intérpretes de “Hallelujah”, apaixonados pela canção, é longua: Bob Dylan, Rufus Wainwright, Allison Crowe, Kd Lang, Damien Rice, Bono, Sheryl Crow. Segundo vários críticos, é possível que nenhuma outra canção tenha conseguido explorar de forma tão profunda a relação entre amor, sofrimento, música e espiritualidade. Os versos de Cohen críam um sentimento de paz no meio desta imensa dor que dilacera o coração do poeta, sendo paradoxalmente, à nivel musical e lírico, uma ode ao sofrimento e à beleza do amor.

Se se quizerem ouvir, é só clicar aí embaixo:

-Hallelujah na versão do cavernoso Nick Cave (2001), que foi inspirada pela original de Cohen;
-Hallelujah, considerada até hoje a melhor interpretação (1994), na voz de Jeff Buckley que morreu tão cedo, tão lindo, tão divino e com esta voz tão santificada;
-Hallelujah interpretada (2003) pelo príncipe irônico e desabusado Rufus Wainwright;
-Hallelujah interpretada por Leonardo (1984? - letra mais religiosa);
-Hallelujah na outra versão de Leonardo (1988? - letra mais sexual) .


Versão original de Hallelujah, de Cohen
Tradução p/ português


Leiam: Amazing Grace: Jeff Buckley - Best Music Documentary at the San Francisco World Film Festival.




Em frente da casa de Cohen num fim de tarde, no meio da neve, em fevereiro 2006.

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I BLOG HERE

Fui visitar o Paulo Kunha e acabei sabendo do I BLOG HERE, uma brincadeirinha que é mostrar o local aonde a gente fica 'blogando'. Com todos os meus problemas técnicos, a coisa foi ficando p/ depois mas agora eu vou colocar as fotos aqui, e quando tiver tempo e paciência p/ colocar o ID e responder o questionário p/ publicar a foto lá, eu faço isso. Sou geminiana e meio compulsiva.

Normalmente é aonde trabalho, olhando a neve que cai.


Quando só escrevo e o sol está lindo atrás da casa, ou o meu computador está quebrado - como agora-, uso o laptop e vou p/ a cozinha e fico olhando a neve que cai e o portão da garagem do vizinho aonde escreveram uma frase pornográfica em homenagem ao Bush.





January 23, 2006

As Bruacas e o Xamã

Foi uma semana rica e esperta, teve de tudo, até o renascimento de uma antiga surpresa. Vi amigos e conhecidos, dançamos muito, rimos à rôdo, gritamos e pulamos nas poltronas, e conheci novas pessoas sinceras e profundas. Mas revi pessoas que carregam uma certa dose de agressividade e frustações interiores, e que já me incomodaram muito no passado mas que a distância necessária me fez esquecer. Ter presenciado as larvas da frustação alheia se infiltrarem no meu ar, e claro, às custas da minha pessoinha, é algo que continua à me incomodar, tenho que reconhecer.

Mas eu tenho uns amigos geniais, realmente geniais. Eles são engraçados, inteligentes, cultos, ousados, destemidos e filósofos. O que me ajudou foi isso porque depois de ter sido sorrateiramente envenenada no sábado com a frustação de duas bruacas mal-amadas, tive encontros maravilhos no domingo de manhã com o meu osteopata budista e à tarde, no batizado do filho da Ângela e do André, com familiares e amigos deles que são pessoas verdadeiramente interessantes e honestamente interessadas; e à noite, no jantar na casa do Fábio, comemos uma muqueca baiana "verdadeira". Ramon até tirou o leite do xuxu... (sabiam que a gente faz isso na verdadeira muqueca? sabem o que é tirar o leite do xuxu?). Quem cozinhou foi o Cláudio, e estava uma delícia. Além do mais foi oficialmente a primeira vez que eu comi peixe. Sim mes dames, comi peixe!

A semana me provou mais uma vez que o inferno de cada um neste doce mundo é criado por ele próprio.

Antes de nos deliciarmos com a muqueca, nas nossas conversas espirituais, e outras nem tanto, o Fábio me falou sobre Os Quatro Compromissos, de Don Miguel Ruiz, que são hábitos e conceitos simples que todos conhecemos mas que na rotina deixamos de praticar. E que são, de verdade, uma simplificação da filosofia de Buda.

Eis os 4 compromissos (decisão íntima e pessoal):


  1. Palavra impecável: Falar com integridade. Não mentir. Não falar mal de si nem dos outros. Não minto quando digo que as duas bruacas são invejosas e mal comidas. Só que sou um pouquinho agressiva com a miséria delas, pobres coitadas. Vou tentar arreparar isto... Anyway, a palavra justa é o acordo mais importante que podemos ter consigo mesmo e o mais difícil de se cumprir. Parece simples, mas é extremamente poderoso. A palavra é o poder que temos de criar. A palavra é força; é o poder que possuímos de expressão e comunicação, de pensar e de criar os eventos da nossa vida. A palavra seria a mais poderosa ferramenta que possuímos como seres humanos. A palavra engloba a dose de energia, boa ou má, que imprimimos no nosso falar. Assim uma pessoa simples ou mesmo sem instrução pode falar de forma inatacável. Uma outra pessoa, letrada, pode falar de forma maledicente, invejosa, vingativa ( ...as bruacas); nesse caso, estaria falando de forma deficiente. A palavra justa inclui não mentir e não falar mal dos outros nem de si mesmo, e nem de situações (eu já disse que tenho que aprender...).
  2. Não reagir à nada de maneira pessoal: O que eu não estou fazendo. Quando as 2 bruacas, por exemplo, ficam ciumentas porque segundo a palavra de uma delas "sou o centro das atenções" e eu sei que as 2 gostariam de estar no meu lugar, tento enxergar nesta reação das ditas cujas a loucura pessoal de cada uma. E a minha loucura também porque mesmo se estou injuriada neste momento, nem por isso sou inconsciente. Sou responsável. O pior é que elas se incomodam comigo pela minha maneira de ser, não porque eu fiz algo contra elas ou contra alguém. Existo e me exprimo!
  3. Não fazer suposições: Ter a coragem de fazer perguntas e exprimir seus verdadeiros desejos. Comunicar claramente para evitar tristeza, equívocos e dramas (uma delas já me confessou, num momento de fraqueza ou anseios espiritualistas e quando ela fazia terapia, que seu sonho desde pequena era ser o centro das atenções, o que eu conseguia relativamente bem, mas confesso que sou só curiosa e gosto de me comunicar quando o assunto em pauta me interessa, não porque goste de ser o centro das atenções. Mas a dita voltou aos seus antigos demônios depois de ter ficado anos luzes sem cruzar a minha digna pessoa; por quais cargas do diabo, ignoro. Tá precisando de renovar a terapia ou a prescrição de prozac).
  4. Dê o melhor de si mesmo: Isso eu aprendi com a vida. Sem comentários.

Nota: Quando uso o termo BRUACA, não estou querendo dizer que a figura é feia, não. Falo da palavra no sentido de peso, pois antes, lá no tempo dos Bandeirantes, todo o material levado pelos burricos e pelos escravos eram colocados dentro de bruacas, ou broacas (bolsa de couro grande). E normalmente, eram carregados para aliviar as costas de um outro, no caso, os mestres que só queriam ficar no bem bom. Bruacas são pesos, estorvos, coisas que nos dão dor nas costas e a vontade de jogá-las no meio do caminho, enfim, coisas que a gente só carrega se for por obrigação.

Ouvindo Nick Cave And The Bad Seeds: Red Right Hand e The Ship Song .
E vendo e ouvindo o Caetano, no vídeo abaixo, q é p exorcisar a raiva.

January 19, 2006

Ontem e hoje é tudo o mesmo

Um retrato irônico da oratória brasileira durante a Belle Époque foi feito pela revista Kósmos, em 1906:
[...]"É em banquetes que os presidentes eleitos apresentam a sua plataforma, é em banquetes que se fundam partidos, e é em banquetes que se fazem e desfazem ministérios. São banquetes fartos, magníficos, em que se gasta dinheiro a rodo: e isso não admira, porque neles é sempre o povo quem paga o pato... ou o peru. O champagne espuma nas taças. Os convivas, encasacados e graves, fingem prestar atenção ao programa político do orador, mas estão realmente namorando o prato de fios d'ovos... E o orador [...] declara solenemente que 'o Brasil (...) será em breve, graças a uma política enérgica, o primeiro país do mundo! porque ele, orador, está disposto a dar por isso a sua tranqüilidade, o seu saber, o seu estudo, a sua saúde, a sua vida!' E senta-se suado e comovido, dizendo ao vizinho da esquerda: 'Que tal? falei bem? passe-me aquele prato de marrons-glacés...' "
Leiam ao completo o delicioso texto sobre A Sociedade Patriarcal, do qual surrupiei este extrato acima.

January 13, 2006

Que Mundo!...e The Arcade Fire

Parash Pathar, poster designed by Satyajit Ray


Estou atrasadíssima com o meu mundo e com as minhas coisas.
ReComeço hoje à dar os ares de minha graça, mas serei breve. Acabei de ver que já são 21 :22 da noite da minha sexta-feira querida e que eu perdi o primeiro volet da trilogia de Satyajit Ray na Cinemateca, que começou à 20 :30.
Tenho fotos do natal e do inverno p/ colocar aqui…farei nas próximas semanas.
Ontem eu fui dançar até dar dor nos quadris e em compagnia de uma turma ótima, todos dançarinos -dança contemporânea-, e o inverno está parecendo primavera de tão quente! Coitada da terra, a situação está mesmo ruim pois nunca vi tanta neve derreter assim em pleno mês de janeiro, sinto até medo do nosso futuro. Que mundo estamos legando aos nossos filhos?

Win Butler , by Vincent Morrisset


The Arcade Fire

Veritável objeto de culto, a melhor coisa que aconteceu em 2005 em matéria de música foram os montrealenses The Arcade Fire. Quer dizer, eles lançaram o primeiro cd no fim de 2004 mas a gente passou 2005 ouvindo Funeral sem parar, numa ânsia de lobo.

Perfeito e intemporal, é difícil acreditar que FUNERAL tenha sido o primeiro álbum deles. E isso sem mesmo falar da voz linda, emotiva, forte e profunda de Win Butler que seduziu monstros da estirpe de David Bowie, Beck e David Byrne, todos fascinados pela poesia trágica e barroca da banda que teve todos os seus cds vendidos só no primeiro dia de lançamento em NY.

Que música inspirante, Meu Deus!! Dificil de descrevê-la. Tem mesmo que ouvir, e para isso é só dar um pulo no excelente Site Web deles que é uma viagem transbordante de possibilidades interativas. Um aviso : quando entrarem no site, cliquem em «Band Site» e, cada vez que clicarem no nome de um dos integrantes, esperem um momento p/ ver tudo o que acontece com as imagens; com o mouse, a gente vai descobrindo um mundo de pequenas folias. E, prestem atenção nas músicas… divinas!



Wings
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http://montrealswinds.blogspot.com/