Writing, Flying and Huevos Revueltos

March 08, 2007

8 de março, Dia Internacional da Mulher


Minha amiga Alice, como Cassandra...
Fotos: K.
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Este post faz parte de uma Blogagem Coletiva - Dia Internacional da Mulher, idéia da Denise Arcoverde, e que continua à cada ano. Passem lá p/ ver a lista das outras "blogueusas". Ano passado, eu falei sobre a italiana Artemisia Gentileschi (1593/1653), e a mineira Bárbara Heliodora.


Porquê 8 de março?
A data de 8 de março está ligada a uma proposta feita em 1910, pela líder comunista alemã Clara Zetkin. Agumas versões dizem que a data escolhida foi para lembrar operárias mortas durante um incêndio que ocorreu em uma fábrica em Nova York, em 1857. Existem, entretanto controvérsias quanto à esta versão, pois este acidente ocorreu em 25 de março de 1911, na Triangle Shirtwaist Company. Em todo caso, foi uma grande tragédia aonde morreram 146 pessoas, sendo 125 mulheres, todas imigrantes e a maioria com idade entre 13 e 23 anos. É bem provavél que a morte das trabalhadoras tenha se incorparado ao imaginário coletivo da comemoração do Dia Internacional da Mulher, mas a instituição de uma data comemorativa já estava sendo estudada e acabou confirmada em 1910. Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu oficialmente a data como o Dia Internacional da Mulher.


PISTIS SOPHIA
Em agosto de 1912, Karl Jung escreveu à Freud sobre uma intuitição que ele teve à propósito de uma sabedoria antiga de origem gnóstica, essencialmente feminina, chamada simbolicamente de Sophia; Jung predizia um retorno do respeito ao feminino na história da humanidade.

Gnosticismo é um termo usado geralmente para designar religiões e/ou seitas proeminentes nos primeiros anos do primeiro século. Um texto muito importante pertencente aos gnósticos é o Pistis Sophia, que data de 250 à 300 anos D.C. e relata os ensinamentos que Jesus, depois de ressuscitado, teria passado à uma assembléia de apóstolos, entre eles Maria Madalena e Maria, sua mãe.
Pistis e Sophia são palavras gregas. Pistis tem o significado de fé decorrente do conhecimento adquirido na experiência pessoal, nunca da fé nas palavras ou atos de outros seres. Sophia significa Sabedoria que advém da experiência, da vivência, não a sabedoria adquirida em livros ou informações alheias. Pistis Sophia, livro escrito em forma de símbolos, conta a história da peregrinação da alma, e segundo os estudiosos no assunto, o livro afirma que a única forma de encontrar Deus é irmos ao encontro de nós mesmos, interiormente, pois ele habitaria nossa própria alma e teria sobretudo uma essência feminina.

O livro foi publicado pela primeira vez em 1851, na França, e bem mais tarde houve uma versão para o inglês, feita por G.R.S. Mead. Depois disso, muita água rolou, e pedras idem. A premonição de Jung data de quase um século... é, mas ele era um homem de ciências... isso pode esperar. Enfim, isso tudo me dá esperanças sobre a forma respeituosa que a humanidade começaria a olhar as mulheres.

Permanece, assim, verdadeira a atualidade do assunto e do belíssimo site Um Buraco na Sombra, aonde o capítulo intitulado imagens e sombras de santa maria madalena nos interessa mais precisamente neste dia.

Mas, vá lá.. eu dedico este post à Cassandra, a sibila troiana, personagem que fez parte de um de meus trabalhos com video que eu entitulei Le Chant de la sibylle I - Lamento , e que representa também muito nesta data.

Chant é uma palavra francesa, quer dizer canto; neste trabalho, esta palavra vem com o significado de ode, prece. O mesmo som está em champ, que é campo, espaço aberto, território. E também no português canto, no sentido de espaço.
Sibylle é a Sibila. Sacerdotisa, profetisa, o seu nome imita o som do vento; sibila quer dizer assobia e murmura. por isso, as palavras da sibila nunca são totalmente compreendidas por todos, sómente por aqueles que a escutam baixinho e de olhos fechados, deixando uma lágrima rolar em direção à boca, que vai cantando e acompanhando, em murmúrios, a história tão sofrida do mundo.

Para muitos o canto da sibila não tem nenhum sentido, suas palavras parecendo destituídas de rigor, de limites, de cronologia. É que a sibila traduz a linguagem do vento, a linguagem da sua natureza instintiva e selvagem.

Conta a lenda, que Cassandra, famosa sibila durante a guerra de Troia, não podia ser compreendida por ninguém, todos a julgavam louca. Enquanto previa um futuro funesto p/ a cidade, suas palavras eram sempre abafadas por gritos de injuria e de piedade, ao ponto que o seu canto não pôde mais parar. Ela continuou, assim, murmurando e chorando suas visões até se encontrar sózinha, de pé, em meio aos escombros da cidade.