Writing, Flying and Huevos Revueltos

May 23, 2006

Helena Barbas: Imagens e sombras de Madalena





Imagens madalênicas de Julia Margaret Cameron

N. Loraux dizendo: [...]E a «Grande Deusa» faz a sua aparição como «Terra Mãe personificada». E as «Terras Mães multiplicam-se, «universalmente presentes», da Anatólia à Grécia e da Grécia ao Japão, passando pela África profunda». [...]e é novamente a mulher, reduzida à sua matriz[...]
O Que É Uma Deusa? História das Mulheres - Antiguidade..., p.50;

Caí sobre um excelente trabalho, de Helena Barbas, publicado na rede: Imagens e sombras de Santa Maria Madalena na literatura e arte portuguesas - a construção de uma personagem: simbolismos e metamorfoses -.

Agora, Madalena me leva de encontro com a febre atual do 'da Vinci Code' que eu ainda não assisti porque não tenho saco p/ ficar em fila. Vou esperar 1 semana p/ ver se o frenesi acaba. Mas confesso despudoradamente que eu li o livro; e pior, gostei. Mas deixa eu explicar antes que me joguem pedra ou cacá, como dizem os franceses lá de casa. Gostei simmmm... êpa, essa caiu aqui em cima... Pois é, gostei do livro muito embora não considere o Dan Brown um grande escritor mas o que me interessou foi a possibilidade de acesso da massa à certas teorias sobre mitos femininos. Pronto, falei. Agora, deixa eu explicar tranquilamente: o livro me seduziu pelo assunto tratado, pela capacidade do autor de massificar algo tão iconoclasta. Fácil? Então porquê vcs não o escreveram antes dele?
Em todo caso, vocês estão lendo as palavras de alguém que começou à estudar mitologia aos 13 anos de idade; aos 9 eu já tinha lido a bíblica de cabo a rabo, mais por uma necessidade de conhecimento do que por religiosidade; aliás, sou absolutamente anti-religiosa. Desde os 9 anos de idade me descobri adepta incondicional de Madalena; através de Madalena cheguei às imagens arquetipais das deusas antigas e das Virgens Negras. Madalena, p/ mim, é uma história entre eu e a imagem feminina primordial. Madalena, Ísis, Artémis, Hécate, Oxum, Eleyé.
O livro de Dan Brown pode estar representando uma sementinha na consciência - ou inteligência- de muita dona de casa febril justamente devido ao assunto tratado e, justamente, ele segue uma diretiva já prevista por Jung e exemplificada nas minhas palavras roubadas à Thomas Mann: a visão da beleza pura é o prenúncio da morte próxima- ou explicando em miúdos, estamos provavélmente observando o renascimento dos mitos femininos.

Fotografias de Julia Margaret Cameron, dos arquivos da George Eastman House.



k.
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