Writing, Flying and Huevos Revueltos

June 17, 2007

ONTEM, 16 DE JUNHO, o dia do meu aniversário

Para começar, logo no dia do meu aniversário, eu dei de cara 2 vezes com o Win Butler, do Arcade Fire!! No Mile End, o bairro aonde eu faço yoga. Mas ontem eu só estava planando com meu marido, olhando o tempo lindo q estava fazendo, depois de ter ido no Café Itália tomar o melhor capuccino e comer o melhor sanduíche de Montreal. Para quem não conhece os costumes de países frios: quando faz sol, todo mundo sai p/ as calçadas, andando, planando, tomando sol nos bancos públicos, nas escadas, sentados mesmo nas calçadas, ou nos jardins e parques. Bom, como sempre, o 16 de junho é o dia mais quente do ano (rsos). Mas é mesmo. Se não foi quente até ali, não vai ser mais. Este de 2007 foi um dia magnífico mesmo, minha gente, cheio de sol, e a Saint Laurent estava fechada com a festa de trottoir (na noite anterior ficamos até tarde no La Cabane. Bom, enfim, o pessoal estava uma marailha de contentamento e de bom humor. Verão é assim mesmo em país frio.

Mas sobre os músicos do Arcade Fire, não dá nem p/ contar como eu fiquei boba prq todo mundo q me conhece sabe q eu sou vidrada neles; até fiquei chateada prq eu estava no Brasil em janeiro qdo deram um show, às escondidas, no subsolo da igreja polonesa do Mile End (o povo do bairro sabia). Então fica claro q um dos meus presentes, ontem, foi ter dado de cara com o Win. No meu aniversário! E isso prq o rapaz é um grande poeta e eu tenho uma admiração enorme pela música deles, do Arcade Fire.

O menino, ele é realmente um menino, q eu trato carinhosamente de meu pequeno e grande Win (de perto ele é enorme!) estava tomando sol, sentado num banco, sózinho, pensando na vida e olhando o tempo... Por coincidência, ele estava no meu banco, aonde eu fico sempre tomando sol tbém.

Que coisa linda é morar em Montreal, né?! Digam-me se existe um outro lugar do mundo, uma grande cidade, aonde um artista como ele, um poeta tão completo, e cantor divino, com aquela voz cheia de emoção e profunda, poderia ficar assim sentado num dia ensolarado tomando sol sem ninguém p/ vir encher o saco do coitado com pedido de autógrafo e fotos?! Foi por isso q eu fiquei com vergonha de incomodar a tranquilidade do cara. Além de achar o cúmulo da cafonice esta idolatria de personalidades públicas! Mas, mesmo assim fiquei pensando: se eu peço um autógrafo, vai encher de gente e vão todos encher o saco dele tbém e acabou-se o seu banho de sol... Aí, eu passei devagarinho por ele, fingindo q não tava com vontade de ir lá me aprochegar... (logo de cara eu nem falei p/ o meu marido ao lado q aquele magrelo lá era o Win Butler... p/ não chamar atenção, ou de vergonha, de apreensão... sei lá, não falei na hora, mas falei qdo ele passou na segunda vez) e ficamos passeando até q eu esqueci dele por completo. Sabem como é geminiano.
Depois, fizemos uma porção de coisas, conversamos com algumas pessoas, olhamos lojas e vitrine e atravessamos a rua p sentarmos na quadra ao lado, ainda na Saint Viateur, num banco em frente daquela boutique de bombons q eu esqueci o nome. Tomando sol, de repente vejo o cara vindo na nossa direção, e de novo a minha consciência entra naquele dilema do autógrafo e da vergonha ("fazer o quê com uma assinatura, q cafonice! Eu sei, mas.... e a foto?! Fazer o quê com uma foto ao lado de um poeta q eu admiro!? Que cafonice!... droga de consciência!"). E ele passou na minha frente... discplicente, calmo, charmoso, magrelo, altíssimo, bonito, bebendo um refrigerante, e olhou p/ nós (eu achei q foi p mim - vocês conhecem geminiano, né? é tudo a mesma raça... mesmo depois de velhos). Bom, deixem isso p lá. E pensem na letra de "caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento, tomando uma coca-cola... "; parecia isso mesmo.). Pois é, imaginem a vontade de pedir uma foto com ele!? Mas eu sou boba mesmo e não fiz nada , só fiquei olhando o cara aproveitar aquele dia magnífico e se perder no meio do povo.

Mas as minhas reticências, explica-se: depois q eu dei de cara com o Roy Dupuis entrando na padaria do meu bairro -e ele ficou todo envergonhado e eu tbém-, eu penso 2 vezes antes de invadir o território de alguém. Soooouuuu boooooba messssmoooo...

(Ser geminiano é, se a gente não leva na esportiva, e só de vez em quando, uma praga. Vivo dando esse tipo de furo. Um dia, há tempos, eu fui no Fofounes Electriques numa exposição Internacional de BD. E naqueles dias, eu via sempre o Dany Laferrière na televisão. Para quem não sabe, ele é um escritor -e eu já dei de cara com ele até dentro do ônibus 144, avenue des Pins! e quase ia lá contar p ele esta história do nosso passado, mas felizmente eu me retive. Mas isso é outra história...-.
Naquelas últimas semanas e para o pouco de televisão q eu via, eu dava de cara com o escritor o tempo todo na telinha. Realmente o tempo todo. E acabei incorporando a imagem do homem no meu subconsciente, como se ele fizesse parte da minha vida. Mais!... muito mais. Como se ele morasse comigo na minha casa! E sobretudo numa hora tão íntima como o ritual de fazer o jantar. ----imagino q todo mundo q dá entrevistas procurando um público, deixa sempre uma imagem estudada de si mesmo, a melhor possível; então, de acordo com o real objetivo destas entrevistas q invadiam a minha casa nos meus pequenos momentos de descanso q eu procurava ligando a televisão enquanto fazia a janta, eu já estava cativa! Ele se transformou assim em um outro EU idealizado, omnipresente, culto, charmoso, quase perfeito, o q eu queria ser naqueles dias em que chegava cansada da creche, carregando a minha filha nos braços depois de ter enfrentado um dia de transportes públicos e correrias, indo preparar o jantar, olhando a televisão como uma autômata. Resultado: acabei admirando a vida e a obra do personagem, sem mesmo ter lido uma única linha dos seus escritos!----- (Existe um filme baseado numa das obras deste escritor:"Como fazer amor com um negro sem se cansar". Podem rir. Mas é interessante, não é pornô não). Afinal, um exemplo típico de lavagem cerebral!

Bom, lá no Foufones, eu chego no local e enquanto espero pelo Alex q não aparecia, visito a exposição. Depois de visitar tudo -adorei muitas coisas que agora não me recordo o quê-, descendo uma escada e vejo, lá de cima, o escritor lá embaixo conversando com um outro alguém de quem não guardei a mínima lembrança (acho mesmo q nem olhei p o personagem em questão). Aí, eu fiquei mesmo feliz. Toda contente, dei um gritinho de satisfação prq vi um rosto "mais do q conhecido" no meio daquele mundaréu internacional; um rosto q era quase o meu de tão próximo e q repetia depois de semanas, através de uma personalidade charmosa, palavras q eu admirava. O centro do mundo, ele, através do meu olhar embasbacado! Aí, eu desço as escadas, chego perto e corto a conversa do escritor com o outro, toda excitada. Dei dois beijinhos no Dany Laferrière sem mesmo dar tempo ao cara de se surpreender, perguntando como ele estava, como estava sua vida, sua família, etc., assim mesmo, cheínha de intimidades. A coisa estava meio nebulada na minha memória; eu não me lembrava de onde conhecia aquele rosto tão admirado, com aquela voz tão conhecida, mas sabia q conhecia, e muito! E fiquei lá, como se fôssemos conhecidos, assim naturalmente, sem nenhuma afetação ou desespero. Pelas imagens q me vêm hoje em dia, acho até que coloquei as duas mãos nos ombros dele, dei dois beijinhos segurando o pescoço do escritor com um carinho todo especial... Conversei, falei rapidamente de mim. E ele, um doce, né?! Participando do jogo, perguntava e respondia. Super educado, com aquele sorriso tímido de surpresa, aceitando a minha intimidade natural.
Mas, eis q de repente, como sempe acontece na vida, tomo consciência -ou pela falta de continuação no assunto ou porquê li na cara dele a estupefação- que em realidade eu não conheçia o homem! Minha nossa! Foi assim, um "plaf", na minha cara! Fiquei atônita. Imagino que deve ser isso q experimenta uma pessoa q acorda, depois de uma noite de bebedeiras, sem saber aonde está. Ficou no ar aquele silêncio. E o sorriso tímido do escritor, no canto dos lábios. Sem graça. Olhei p/ ele e, pela primeira vez, para o outro personagem lá parado, esperando. Aí, declarei séria, envergonhada: -"Olha, eu não te conheço.". Ele ainda deu um sorrisinho sem graça, quase silencioso. Educado, ele. -"É.", acho q ele completou. -"Vc me desculpa...", continuei, saindo de fininho.
E fui. Sem olhar p trás).

Agora, voltando p/ o dia de ontem, o 16 de junho 2007, a cidade "polula" de festas. Mas foi tranquilo, a gente só queria mesmo ficar no sol e vendo a felicidade do povo. Vimos alguns amigos, rimos, cantamos parabéns p/ mim. À noite fomos em família no Rumi, um dos meus restaurantes preferidos de Montreal e que tem um chef que é um verdadeiro artista.

Mas agora estou cansando. Deixa p outro momento o contar.


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