Writing, Flying and Huevos Revueltos

September 13, 2005

The European must be deglutinated

Bishop Sardinha was a character from the early Brazilian history, which was eaten by cannibals. The bishop's deglutition inspired in the early '20s the so-called “Anthropophagic Movement”, which proposed the cannibalizing of the European culture.

In 1928, writer Oswald de Andrade wrote the “Manifesto Antropófago” :

“ Brazilian nature took care of devouring the world's works of art.".


Le "Manifesto Antropófago" déclare que le renouveau de l’art brésilien surgirait à partir de la reprise des valeurs aborigènes, sans l’abandon de valeurs européennes qui seraient absorbés. L’anthropophagie culturel devient ainsi le symbole de sa thèse: l’européen devrait être dévoré. Soit, un retour aux racines pour pouvoir aller vers l’essence et le renouveau.
Le "Manifesto" ironise l’habitude d’une couche social culte de copier l’européen, ridiculisant ce mimétisme que tant séduit l’intellectuel qui ne vit pas dans sa propre réalité social. Mais, sans se fermer d’un point de vue culturel, puisque la "deglutição antropofágica" exige le remaniement des idées en conformité avec notre réalité politico-sociale.

Oswald de Andrade respondeu às questões postas pela Semana de Arte Moderna (1922), através do "Manifesto Antropófago", pois para ele o fato de construir uma identidade nacional oposta à dos europeus não significava a rejeição da cultura européia, que deveria ser absorvida e superada. Em outros termos, deglutida, jogando fora o que é não é útil.

"Em geral, os artistas e intelectuais de 1922 queriam arejar o quadro mental da nossa "intelligentsia", queriam pôr fim ao ranço beletrista, à postura verborrágica e à mania de falar difícil e não dizer nada. [...] "

Antropofagia e Semana de Arte Moderna

O exotismo da bombástica esquina da "La Catherine/ Saint-Laurent"

No dia anterior, depois de terminado o espetáculo do Seu Jorge, eu e S. fomos dar um pulo na SAT - Society for Arts and Technology (sempre tem shows). No caminho entre o Club Soda e a SAT, que ficam quase um do lado do outro, ouvimos a música vinda de uma das portas ao lado do Club Soda - "La Cucaracha" - e entramos, por curiosidade e pela primeira vez de nossas vidas, na Taverne Midway. Lá dentro, uns cinco casais dançando, alegres e um pouco constrangidos, sessenta anos mais ou menos, talvez menos, e vestidos como se estivessem num respeitável clube social. Se divertiam como crianças, mas sem muito ruído. Todos concentrados na dança ou no companheiro, de vez em quando nos lançavam um sorriso comparsa. Nas mesas esparsas, outros casais sentados, alguns mais jovens mas melancolicos estes, silenciosos. Saídos de uma ficção Felliniana, aqui e lá, alguns grupos de três, ostentavam algo que poderia ser tristeza ou indiferença, um cansaço nos olhares vazios e estagnados num copo de cerveja deixado entre os braços que descansavam em cima da mesa. Destes, alguns nos olharam passivos e interrogativos - seria um olhar de desprezo se eles pudessem conseguir um pouco mais de energia para sustentar tal olhar -, como se nós duas pertencêssemos à uma fauna estranha - enquanto num dos cantos do salão, um telão expunha um vídeo francamente pornô que todo mundo parecia ignorar!

É por causa disso que eu repito, A-D-O-R-O Montréal!! Só aqui existe esse tipo de coisa à alguns passos dos restaurantes chiques do boulevard e das putas tristes da rua Sainte-Catherine.

Enfim, o Bistro Duluth
Para terminar a história, depois do lançamento do livro, eu, maridão e S. fomos comer em outro restaurante muito bom, português, ainda na Duluth, e ficamos por lá até 1 hora da manhã, bebendo vinho e falando da vida. Antes, nós frequentávamos bastante o local, principalmente no brunch dos finais de semana, e sobretudo no verão por causa do espaço que eles têm do lado de fora, ótimo durante o dia ou à noite, p/ tomar uma sangria neste calorzão...

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Lançamento de um livro no Reservoir, ainda no domingo

Réservoir
Do Café Central, eu e maridão corremos p/ o Reservoir (9 Rue Duluth E.), um excelente bar/restaurante aonde a gente tem uma boa escolha de cervejas inglesas, e uma "cuisine raffinée", o menu mudando a cada dia. Atmosfera bastante agradável, gente cool, música cool, eventos interessantíssioms e tudo isso perto da Saint Laurent. Estava acontecendo o lançamento do livro de um amigo da S. Gostei muito -da leitura pública e de alguns trechos que li- (pena que agora esqueci o nome do escritor).

Parece até que a gente só vive dançando e comendo

No sábado, quando estava chegando no Club Soda p/ o espetáculo do Seu Jorge, dei de cara com a N. B. na calçada, pronta p/ entrar. Já houve outras vezes em que nós duas chegamos na mesma hora p/ ver um espetáculo... Estranho... no último mês, é a segunda vez que isso acontece no Club Soda. Se tivesse sido encontro marcado não iria coincindir tanto. Na outra vez, foi no espetáculo do Lokua Kanza (pena que eu não sou dessas de levar câmera p/ espetáculo ou pedir autógrafo, senão teria colocado aqui a foto que a gente teria tirado com o Lokua lá no camarim, pois depois do show, o Daniel carregou a gente lá p/ dentro, questão de conversar com os artistas amigos dele. E quem estava lá também era o Lilison di Kinara, de quem gosto muito e que apresentou a primeira parte do show. L., filha dele também estava presente, pois também participou do espetáculo com sua linda voz e o jeitinho cheio de ternura e dengos. Ela trabalhou num projeto que eu realizei e que foi muito premiado. Mais tarde conto mais sobre isso... E Lokua Kanza é uma pessoa muito especial, parece monje tibetano com seu jeitinho tranquilo, profundo, sempre agradecendo e atencioso com todos. Já gostava do artista, agora gosto mais ainda porque admiro a personalidade do indivíduo).

Mas, voltando ao espetáculo do Seu Jorge, para encurtar a história, a N. B. faz parte do meio musical de Montréal e por isso quase sempre é convidada p/ espetáculos e tem bilhetes à sua disposição na portaria. Aí, eu chegando perguntei à ela, brincando, se tinha um bilhete p/ mim, e não é mesmo que tinha? Isso me impediu, além de não precisar desenbolsar os 30 $, de ter de enfrentar a fila. Entrei direto com ela. O ruim foi que perdi-a de vista durante o espetáculo, porque estava um verdadeiro carnaval lá dentro, e eu pulando como uma desenganada (e o maridão nem viu nem soube, pois tinha trabalho atrasado p/ entregar).

E não foi a primeira vez que a menina me oferece entradas p/ espetáculos relativamente caros... ela é realmente generosa (não estou puxando saco não, é minha opinião mesmo), e uma pessoa que gosto muito. É sempre uma festa encontrá-la e tenho um real prazer de saber que tudo vai muito bem na sua vida.

Outra pessoa que tem a minha estima pela sua generosidade é a A. S. Uma vez ela conseguiu p/ a gente, e na última hora, cinco bilhetes de entrada p/ um espetáculo inesquecível de dança Flamenco, "Noche Flamenca", vindo diretamente da Espanha.

No domingo, eu estava pensando em levar um bom vinho na casa da N. B., questão de agradecer, mas a preguiça foi mais forte e eu fiquei hibernando com os Sopranos uma boa parte do dia. Saí só no fim da tarde para ir pegar o carro do maridão que ele tinha deixado no estacionamento do centro Bell, e depois fomos nos encontrar para comer uma Empanada no colombiano da rua Rachel. Deliciosa! Saindo do Colombiano, deu vontade de tomar uma bica (café português) no Café Central - rua Duluth, vcs conhecem? Não ?! Precisam. O lugar tem a melhor bica de Montréal. O q é bica? É café português, filtro, o nosso cafezinho, pá!