Writing, Flying and Huevos Revueltos

April 11, 2007

OS VENDEDORES DE DOENÇAS

http://diplo.uol.com.br/2006-05,a1302


Artigo extraído de "Selling Sickness: How Drug Companies Are Turning Us All Into Patients, de Alan Cassels (pesquisador em política de medicamentos, universidade de Victoria, Canada), e Ray Moynihan (jornalista, especialista em Saúde, British Medical Journal, The Lancet, The New England Journal of Medicine).


Há cerca de trinta anos, o dirigente de uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo fez declarações muito claras. Na época, perto da aposentadoria, o dinâmico diretor da Merck, Henry Gadsden, revelou à revista Fortune seu desespero por ver o mercado potencial de sua empresa confinado somente às doenças. Explicando preferiria ver a Merck transformada numa espécie de Wringley’s – fabricante e distribuidor de gomas de mascar –, Gadsden declarou que sonhava, havia muito tempo, produzir medicamentos destinados às... pessoas saudáveis. Porque, assim, a Merck teria a possibilidade de “vender para todo mundo”. Três décadas depois, o sonho entusiasta de Gadsden tornou-se realidade.

As estratégias de marketing das maiores empresas farmacêuticas almejam agora, e de maneira agressiva, as pessoas saudáveis. Os altos e baixos da vida diária tornaram-se problemas mentais. Queixas totalmente comuns são transformadas em síndromes de pânico. Pessoas normais são, cada vez mais pessoas, transformadas em doentes. Em meio a campanhas de promoção, a indústria farmacêutica, que movimenta cerca de 500 bilhões dólares por ano, explora os nossos mais profundos medos da morte, da decadência física e da doença – mudando assim literalmente o que significa ser humano. Recompensados com toda razão quando salvam vidas humanas e reduzem os sofrimentos, os gigantes farmacêuticos não se contentam mais em vender para aqueles que precisam. Pela pura e simples razão que, como bem sabe Wall Street, dá muito lucro dizer às pessoas saudáveis que estão doentes.

A fabricação das “síndromes”
A maioria de habitantes dos países desenvolvidos desfruta de vidas mais longas, mais saudáveis e mais dinâmicas que as de seus ancestrais. Mas o rolo compressor das campanhas publicitárias, e das campanhas de sensibilização diretamente conduzidas, transforma as pessoas saudáveis preocupadas com a saúde em doentes preocupados. Problemas menores são descritos como muitas síndomes graves, de tal modo que a timidez torna-se um “problema de ansiedade social”, e a tensão pré-menstrual, uma doença mental denominada “problema disfórico pré-menstrual”. O simples fato de ser um sujeito “predisposto” a desenvolver uma patologia torna-se uma doença em si.

O epicentro desse tipo de vendas situa-se nos Estados Unidos, abrigo de inúmeras multinacionais famacêuticas. Com menos de 5% da população mundial, esse país já representa cerca de 50% do mercado de medicamentos. As despesas com a saúde continuam a subir mais do que em qualquer outro lugar do mundo. Cresceram quase 100% em seis anos – e isso não só porque os preços dos medicamentos registram altas drásticas, mas também porque os médicos começaram a prescrever cada vez mais.

De seu escritório situado no centro de Manhattan, Vince Parry representa o que há de melhor no marketing mundial. Especialista em publicidade, ele se dedica agora à mais sofisticada forma de venda de medicamentos: dedica-se, junto com as empresas farmacêuticas, a criar novas doenças. Em um artigo impressionante intitulado “A arte de catalogar um estado de saúde”, Parry revelou recentemente os artifícios utilizados por essas empresas para “favorecer a criação” dos problemas médicos [1]. Às vezes, trata-se de um estado de saúde pouco conhecido que ganha uma atenção renovada; às vezes, redefine-se uma doença conhecida há muito tempo, dando-lhe um novo nome; e outras vezes cria-se, do nada, uma nova “disfunção”. Entre as preferidas de Parry encontram-se a disfunção erétil, o problema da falta de atenção entre os adultos e a síndrome disfórica pré-menstrual – uma síndrome tão controvertida, que os pesquisadores avaliam que nem existe.

Médicos orientados por marqueteiros
Com uma rara franqueza, Perry explica a maneira como as empresas farmacêuticas não só catalogam e definem seus produtos com sucesso, tais como o Prozac ou o Viagra, mas definem e catalogam também as condições que criam o mercado para esses medicamentos.

Sob a liderança de marqueteiros da indústria farmacêutica, médicos especialistas e gurus como Perry sentam-se em volta de uma mesa para “criar novas idéias sobre doenças e estados de saúde”. O objetivo, diz ele, é fazer com que os clientes das empresas disponham, no mundo inteiro, “de uma nova maneira de pensar nessas coisas”. O objetivo é, sempre, estabelecer uma ligação entre o estado de saúde e o medicamento, de maneira a otimizar as vendas.

Para muitos, a idéia segundo a qual as multinacionais do setor ajudam a criar novas doenças parecerá estranha, mas ela é moeda corrente no meio da indústria. Destinado a seus diretores, um relatório recente de Business Insight mostrou que a capacidade de “criar mercados de novas doenças” traduz-se em vendas que chegam a bilhões de dólares. Uma das estratégias de melhor resultado, segundo esse relatório, consiste em mudar a maneira como as pessoas vêem suas disfunções sem gravidade. Elas devem ser “convencidas” de que “problemas até hoje aceitos no máximo como uma indisposição” são “dignos de uma intervenção médica”. Comemorando o sucesso do desenvolvimento de mercados lucrativos ligados a novos problemas da saúde, o relatório revelou grande otimismo em relação ao futuro financeiro da indústria farmacêutica: “Os próximos anos evidenciarão, de maneira privilegiada, a criação de doenças patrocinadas pela empresa”.

Dado o grande leque de disfunções possíveis, certamente é difícil traçar uma linha claramente definida entre as pessoas saudáveis e as doentes. As fronteiras que separam o “normal” do “anormal” são freqüentemente muito elásticas; elas podem variar drasticamente de um país para outro e evoluir ao longo do tempo. Mas o que se vê nitidamente é que, quanto mais se amplia o campo da definição de uma patologia, mais essa última atinge doentes em potencial, e mais vasto é o mercado para os fabricantes de pílulas e de cápsulas.
Em certas circunstâncias, os especialistas que dão as receitas são retribuídos pela indústria farmacêutica, cujo enriquecimento está ligado à forma como as prescrições de tratamentos forem feitas. Segundo esses especialistas, 90% dos norte-americanos idosos sofrem de um problema denominado “hipertensão arterial”; praticamente quase metade das norte-americanas são afetadas por uma disfunção sexual batizada FSD (disfunção sexual feminina); e mais de 40 milhões de norte-americanos deveriam ser acompanhados devido à sua taxa de colesterol alta. Com a ajuda dos meios de comunicação em busca de grandes manchetes, a última disfunção é constantemente anunciada como presente em grande parte da população: grave, mas sobretudo tratável, graças aos medicamentos. As vias alternativas para compreender e tratar dos problemas de saúde, ou para reduzir o número estimado de doentes, são sempre relegadas ao último plano, para satisfazer uma promoção frenética de medicamentos.

Quanto mais alienados, mais consumistas
A remuneração dos especialistas pela indústria não significa necessariamente tráfico de influências. Mas, aos olhos de um grande número de observadores, médicos e indústria farmacêutica mantêm laços extremamente estreitos.
As definições das doenças são ampliadas, mas as causas dessas pretensas disfunções são, ao contrário, descritas da forma mais sumária possível. No universo desse tipo de marketing, um problema maior de saúde, tal como as doenças cardiovasculares, pode ser considerado pelo foco estreito da taxa de colesterol ou da tensão arterial de uma pessoa. A prevenção das fraturas da bacia em idosos confunde-se com a obsessão pela densidade óssea das mulheres de meia-idade com boa saúde. A tristeza pessoal resulta de um desequilíbrio químico da serotonina no célebro.

O fato de se concentrar em uma parte faz perder de vista as questões mais importantes, às vezes em prejuízo dos indivíduos e da comunidade. Por exemplo: se o objetivo é a melhora da saúde, alguns dos milhões investidos em caros medicamentos para baixar o colesterol em pessoas saudáveis, podem ser utilizados, de modo mais eficaz, em campanhas contra o tabagismo, ou para promover a atividade física e melhorar o equilíbrio alimentar.

A venda de doenças é feita de acordo com várias técnicas de marketing, mas a mais difundida é a do medo. Para vender às mulheres o hormônio de reposição no período da menopausa, brande-se o medo da crise cardíaca. Para vender aos pais a idéia segundo a qual a menor depressão requer um tratamento pesado, alardeia-se o suicídio de jovens. Para vender os medicamentos para baixar o colesterol, fala-se da morte prematura. E, no entanto, ironicamente, os próprios medicamentos que são objeto de publicidade exacerbada às vezes causam os problemas que deveriam evitar.

O tratamento de reposição hormonal (THS) aumenta o risco de crise cardíaca entre as mulheres; os antidepressivos aparentemente aumentam o risco de pensamento suicida entre os jovens. Pelo menos, um dos famosos medicamentos para baixar o colesterol foi retirado do mercado porque havia causado a morte de “pacientes”. Em um dos casos mais graves, o medicamento considerado bom para tratar problemas intestinais banais causou tamanha constipação que os pacientes morreram. No entanto, neste e em outros casos, as autoridades nacionais de regulação parecem mais interessadas em proteger os lucros das empresas farmacêuticas do que a saúde pública.

A “medicalização” interesseira da vida
A flexibilização da regulação da publicidade no final dos anos 1990, nos Estados Unidos, traduziu-se em um avanço sem precedentes do marketing farmacêutico dirigido a “toda e qualquer pessoa do mundo”. O público foi submetido, a partir de então, a uma média de dez ou mais mensagens publicitárias por dia. O lobby farmacêutico gostaria de impor o mesmo tipo de desregulamentação em outros lugares.

Há mais de trinta anos, um livre pensador de nome Ivan Illich deu o sinal de alerta, afirmando que a expansão do establishment médico estava prestes a “medicalizar” a própria vida, minando a capacidade das pessoas enfrentarem a realidade do sofrimento e da morte, e transformando um enorme número de cidadãos comuns em doentes. Ele criticava o sistema médico, “que pretende ter autoridade sobre as pessoas que ainda não estão doentes, sobre as pessoas de quem não se pode racionalmente esperar a cura, sobre as pessoas para quem os remédios receitados pelos médicos se revelam no mínimo tão eficazes quanto os oferecidos pelos tios e tias [2] ”.

Mais recentemente, Lynn Payer, uma redatora médica, descreveu um processo que denominou “a venda de doenças”: ou seja, o modo como os médicos e as empresas farmacêuticas ampliam sem necessidade as definições das doenças, de modo a receber mais pacientes e comercializar mais medicamentos [3]. Esses textos tornaram-se cada vez mais pertinentes, à medida que aumenta o rugido do marketing e que se consolidas as garras das multinacionais sobre o sistema de saúde.

(Tradução: Wanda Caldeira Brant) wbrant@globo.com

Bibliografia complementar:
* A revista médica PLoS Medecine traz, em seu número de abril de 2006, um importante dossiê sobre “A produção de doenças” – http://medicine.plosjournals.org/
* Na França, as revistas Pratiques (dirigida ao grande público) e Prescrire (destinada aos médicos) avaliam os medicamentos e trazem um olhar crítico sobre a definição das doenças.
*Jörg Blech, Les inventeurs de maladies. Manœuvres et manipulations de l’industrie pharmaceutique, Arles, Actes Sud, 2005.
* Philippe Pignarre, Comment la dépression est devenue une épidémie, Paris, Hachette-Littérature, col. Pluriel, 2003.

[1] Ler, de Vince Parry, “The art of branding a condition ”, Medical Marketing & Media, Londres, maio de 2003.
[2] Ler, de Ivan Illich, Némésis médicale, Paris, Seuil, 1975.
[3] Ler, de Lynn Payer, Disease-Mongers: How Doctors, Drug Companies, and Insurers are Making You Feel Sick, Nova York, John Wiley & Sons, 2002.

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Les nouvelles techniques publicitaires de l’industrie pharmaceutique
Apareceu na versão imprensa em francês do Le Monde Diplomatique, Édition imprimée — maio 2006 — Pag. 34 e 35
Alan Cassels est chercheur en politique des médicaments (université de Victoria, Canada).
Ray Moynihan est journaliste, spécialiste de la santé (British Medical Journal, The Lancet, The New England Journal of Medicine).
http://www.monde-diplomatique.fr/2006/05/CASSELS/13454

Pour vendre des médicaments, inventons des maladies
La méthode avait déjà fait la fortune du docteur Knock de Jules Romains : chaque bien-portant entrant dans son cabinet en ressortait malade, et prêt à débourser sans compter pour être guéri. A son image, ayant atteint les limites du marché des malades, certaines firmes pharmaceutiques se tournent désormais vers les bien-portants pour continuer à croître. Et emploient pour cela les techniques de publicité les plus avancées.
Par Alan Cassels et Ray Moynihan


Il y a une trentaine d’années, le dirigeant d’une des plus grosses firmes pharmaceutiques au monde tint des propos fort éclairants. Alors proche de la retraite, le très dynamique directeur de Merck, Henry Gadsden, confia au magazine Fortune son désespoir de voir le marché potentiel de sa société confiné aux seuls malades. Expliquant qu’il aurait préféré que Merck devînt une sorte de Wrigley – fabricant et distributeur de chewing-gums –, Gadsden déclara qu’il rêvait depuis longtemps de produire des médicaments destinés aux... bien-portants. Parce qu’alors Merck aurait la possibilité de « vendre à tout le monde ». Trois décennies plus tard, le rêve de feu Henri Gadsden est devenu réalité.

Les stratégies marketing des plus grosses firmes pharmaceutiques ciblent dorénavant les bien-portants de manière agressive. Les hauts et les bas de la vie de tous les jours sont devenus des troubles mentaux, des plaintes somme toute communes sont transformées en affections effrayantes, et de plus en plus de gens ordinaires sont métamorphosés en malades. Au moyen de campagnes de promotion, l’industrie pharmaceutique, qui pèse quelque 500 milliards de dollars, exploite nos peurs les plus profondes : de la mort, du délabrement physique et de la maladie – changeant ainsi littéralement ce qu’être humain signifie. Récompensés à juste titre quand ils sauvent des vies humaines et réduisent les souffrances, les géants pharmaceutiques ne se contentent plus de vendre à ceux qui en ont besoin. Pour la bonne et simple raison, bien connue de Wall Street, que dire aux bien-portants qu’ils sont malades rapporte gros.

Au moment où la majorité des habitants des pays développés jouissent de vies plus longues, plus saines et plus dynamiques que celles de leurs ancêtres, le rouleau compresseur des campagnes publicitaires ou de sensibilisation, rondement menées, transforment les bien-portants soucieux de leur santé en souffreteux soucieux tout court. Des problèmes mineurs sont dépeints comme autant d’affections graves, de telle sorte que la timidité devient un « trouble d’anxiété sociale », et la tension prémenstruelle, une maladie mentale appelée « trouble dysphorique prémenstruel ». Le simple fait d’être un sujet « à risque » susceptible de développer une pathologie devient une pathologie en soi.

L’épicentre de ce type de vente se situe aux Etats-Unis, terre d’accueil de nombreuses multinationales pharmaceutiques. Comptant moins de 5 % de la population mondiale, ce pays représente déjà près de 50 % du marché de la prescription de médicaments. Les dépenses de santé continuent à y grimper plus que n’importe où dans le monde, affichant une progression de presque 100 % en six ans – et ce, pas seulement parce que les prix des médicaments enregistrent des hausses drastiques, mais aussi parce que les médecins se sont mis à en prescrire de plus en plus.

Depuis son bureau situé au cœur de Manhattan, M. Vince Parry représente le nec plus ultra du marketing mondial. Expert en publicité, il se spécialise dorénavant dans la forme la plus sophistiquée de la vente de médicaments : il s’emploie, de concert avec les entreprises pharmaceutiques, à créer de nouvelles maladies. Dans un article étonnant intitulé « L’art de cataloguer un état de santé », M. Parry a récemment révélé les ficelles utilisées par ces firmes pour « favoriser la création » de troubles médicaux (1). Parfois, il s’agit d’un état de santé peu connu qui jouit d’un regain d’attention ; parfois, on redéfinit une maladie connue depuis longtemps en lui donnant un autre nom ; parfois, c’est un nouveau dysfonctionnement qui est créé ex nihilo. Parmi les préférés de M. Parry se trouvent la dysfonction érectile, le trouble du déficit de l’attention chez les adultes et le syndrome dysphorique prémenstruel déjà évoqué – tellement controversé que les chercheurs estiment qu’il n’existe pas.

Avec une rare franchise, M. Perry explique la manière dont les compagnies pharmaceutiques non seulement cataloguent et définissent leurs produits à succès tels que le Prozac ou le Viagra, mais cataloguent et définissent aussi les conditions créant le marché pour de tels médicaments.
Sous la houlette de responsables marketing de l’industrie pharmaceutique, des experts médicaux et des gourous comme M. Perry s’assoient autour d’une table pour « trouver de nouvelles idées concernant des maladies et des états de santé ». Le but, dit-il, est de faire en sorte que les clients des firmes dans le monde entier appréhendent ces choses d’une manière nouvelle. L’objectif restant, toujours, d’établir une liaison entre l’état de santé et le médicament, de manière à optimiser les ventes.

L’idée selon laquelle les multinationales du secteur aident à créer de nouvelles maladies semblera étrange à beaucoup ; elle est monnaie courante dans le milieu de l’industrie. Destiné à leurs dirigeants, un rapport récent de Business Insights témoigne ainsi que la capacité à « créer des marchés de nouvelles maladies » se traduit par des ventes se chiffrant en milliards de dollars. L’une des stratégies les plus performantes, d’après ce rapport, consiste à changer la façon dont les gens considèrent leurs affections sans gravité. Ils doivent être « convaincus » que « des problèmes acceptés tout au plus comme une gêne jusqu’à présent » sont, désormais, « dignes d’une intervention médicale ». Saluant le succès du développement de marchés profitables liés à de nouveaux troubles de la santé, le rapport affichait un bel optimisme quant à l’avenir financier de l’industrie pharmaceutique : « Les années à venir seront les témoins privilégiés de la création de maladies parrainée par l’entreprise. »

Il est certes difficile, étant donné le large éventail d’affections possibles, de tracer une ligne clairement définie entre les bien-portants et les malades. Les frontières qui séparent le « normal » de l’« anormal » sont souvent fort élastiques ; elles peuvent varier drastiquement d’un pays à un autre et évoluer au cours du temps. Mais ce qui ressort clairement, c’est que, plus on élargit la définition d’une pathologie, plus cette dernière touchera de malades potentiels, et plus vaste sera le marché pour les fabricants de pilules et de gélules.

Dans certaines circonstances, les experts médicaux qui rédigent les protocoles sont en même temps rétribués par l’industrie pharmaceutique, industrie qui s’enrichira selon que les protocoles de soins auront été écrits de telle ou telle façon. Selon ces experts, 90 % des Américains âgés souffriront d’un trouble appelé « hypertension artérielle » ; près de la moitié des Américaines sont affectées par un dysfonctionnement baptisé FSD (dysfonction sexuelle féminine) ; et plus de 40 millions d’Américains devraient être suivis du fait de leur important taux de cholestérol. Avec l’aide de médias à la recherche de gros titres, la toute dernière affection est régulièrement annoncée comme étant très largement présente dans la population, grave, mais surtout curable grâce aux médicaments. Les voies alternatives pour comprendre et soigner les problèmes de santé, de même que la réduction du nombre estimé de malades, sont souvent reléguées à l’arrière-plan, pour satisfaire une promotion frénétique des médicaments.
La rémunération des experts en espèces sonnantes et trébuchantes ne signifie pas forcément l’achat d’une influence ; mais, aux yeux de nombreux observateurs, médecins et industrie pharmaceutique entretiennent des liens trop étroits.

Si les définitions des maladies sont élargies, les causes de ces prétendues épidémies sont, en revanche, décrites aussi peu que possible. Dans l’univers de ce type de marketing, un problème de santé majeur, tel que les maladies cardio-vasculaires, peut être abordé par l’étroite lorgnette du taux de cholestérol ou de la tension artérielle d’une personne. La prévention des fractures de la hanche parmi les personnes âgées se confond avec l’obsession de la densité osseuse des femmes d’âge mûr en bonne santé. La détresse personnelle résulte largement d’un déséquilibre chimique de la sérotonine dans le cerveau.

Le fait de se concentrer sur une partie fait perdre de vue les enjeux plus importants, parfois au détriment des individus et de la communauté. Par exemple : si le but premier était l’amélioration de la santé, on pourrait utiliser de façon plus efficace quelques-uns des millions investis dans les coûteux anticholestérol destinés à des bien-portants, dans des campagnes de lutte contre le tabagisme, pour promouvoir l’activité physique et améliorer l’équilibre alimentaire.

La « vente » des maladies se fait selon plusieurs techniques de marketing, mais la plus répandue reste celle de la peur. Pour vendre aux femmes l’hormone de substitution au moment de la ménopause, on a joué sur la peur de la crise cardiaque. Pour vendre aux parents l’idée selon laquelle la plus petite dépression requiert un traitement lourd, on a joué sur la peur du suicide des jeunes. Pour vendre les anticholestérol sur prescription automatique, on a joué sur la peur d’une mort prématurée. Et pourtant, ironiquement, les médicaments qui font l’objet de battage causent parfois eux-mêmes les dommages qu’ils sont censés prévenir.

Le traitement hormonal de substitution (THS) accroît le risque de crise cardiaque chez les femmes, tandis que, semblerait-il, les antidépresseurs augmentent le risque de pensée suicidaire chez les jeunes. Au moins un des anticholestérol à succès a été retiré du marché parce qu’il avait entraîné le décès de « patients ». Dans l’un des cas les plus graves, le médicament pris pour soigner de banals problèmes intestinaux a occasionné une constipation telle que les malades en sont morts. Pourtant, dans ce cas comme dans bien d’autres, les autorités de régulation nationales semblent plus attachées à protéger les profits des compagnies pharmaceutiques que la santé publique.

L’assouplissement aux Etats-Unis de la régulation de la publicité à la fin des années 1990 s’est traduit par une attaque sans précédent du marketing pharmaceutique en direction de M. Tout-le-Monde, soumis dorénavant à une bonne dizaine ou plus de spots publicitaires par jour. Les téléspectateurs de Nouvelle-Zélande connaissent le même sort. Ailleurs, le lobby pharmaceutique voudrait imposer le même genre de dérégulation.

Il y a plus de trente ans, un franc-tireur du nom d’Ivan Illich tirait la sonnette d’alarme, affirmant que l’expansion de l’establishment médical était en train de « médicaliser » la vie elle-même, sapant la capacité des gens à affronter la réalité de la souffrance et de la mort, et transformant un nombre bien trop important de citoyens lambda en malades. Il critiquait le système médical « qui prétend avoir autorité sur les gens qui ne sont pas encore malades, sur les gens dont on ne peut raisonnablement pas s’attendre à ce qu’ils aillent mieux, sur les gens pour qui les remèdes des médecins se révèlent au moins aussi efficaces que ceux offerts par les oncles et tantes (2) ».

Plus récemment, une rédactrice médicale, Mme Lynn Payer, décrivait à son tour un processus qu’elle appelait la « vente des maladies » : c’est-à-dire la façon dont les médecins et les firmes pharmaceutiques élargissaient sans nécessité les définitions des affections de façon à recevoir plus de patients et à commercialiser plus de médicaments (3). Ces écrits sont devenus de plus en plus pertinents à mesure que s’amplifiait le rugissement du marketing et que se consolidait l’emprise des multinationales sur le système de santé.

Cet article est extrait de Selling Sickness. How Drug Companies Are Turning Us All Into Patients, Allen & Unwin, Crows Nest (Australie), 2005, de Alan Cassels et Ray Moynihan.
Alan Cassels: Chercheur en politique des médicaments (université de Victoria, Canada).
Ray Moynihan: Journaliste, spécialiste de la santé (British Medical Journal, The Lancet, The New England Journal of Medicine).

(
1) Vince Parry, « The art of branding a condition », Medical Marketing & Media, Londres, mai 2003.
(
2) Cf. Ivan Illich, Némésis médicale, Seuil, Paris, 1975.
(
3) Lynn Payer, Disease-Mongers : How Doctors, Drug Companies, and Insurers Are Making You Feel Sick, John Wiley & Sons, New York, 1994.

Sources de documentation
La revue médicale
PLoS Medicine propose, dans son numéro d’avril 2006, un important dossier sur « La fabrication des maladies ».

En France, les revues Pratiques (grand public) et Prescrire (destinée aux médecins) évaluent les médicaments et portent un regard critique sur la définition des maladies.

Jörg Blech, Les Inventeurs de maladies. Manœuvres et manipulations de l’industrie pharmaceutique, Actes Sud, Arles, 2005.

Philippe Pignarre, Comment la dépression est devenue une épidémie, Hachette Littératures, coll. « Pluriel », Paris, 2003.

1 comment:

Un peu de retenu, SVP! LOL :))