Writing, Flying and Huevos Revueltos

September 20, 2006

De repente, eu tinha que tomar um pouco deste negror que abateu minha alma e decidir o que fazer com ele porque é perca de vida se deixar levar assim por esta raiva e incompreensão. Eu tinha que tomar um pouco de ar e respirar a minha tristeza depois de tantos acontecimentos. Durante esta semana, e hoje faz exatamente uma semana, preferi ficar no silêncio suportando a minha raiva, analisando todo este sentimento. Coisas hediondas passaram na minha cabeça e nos meus lábios... se ele queria ver sangue, porque não se matou simplesmente? É hediondo mas também é sensato. Sobretudo no desespero de escolher entre tirar a vida alheia devido à sua própria violência mal tragada.
Ao mesmo tempo, eu escrevi vários poemas para passar a minha dor... e quando digo isso, fico realmente triste de imaginar a dor destas pessoas e famílias que foram alvos deste assassino. Desta menina de 18 aninhos, cheia de vida e esperanças...

Tanta dor, tanta dor, porque alguém não queria sentir a dor que dilacerava sua alma. Como se compartilhar o seu sofrimento de forma tão traiçoeira fosse a solução.

A imagem infame dele com esta faca no meu blog me faz mal, me faz tanto mal... mas recuso-me a ignorar que ele foi real e que seu ódio continua real no meio de minha comunidade; tirar uma imagem não apaga a violência deixada pelo ato.

Recuso-me a dizer que ele era louco, porque geralmente é subentendido neste conceito que ele estava inconsciente do mal que planejava durante tanto tempo e que filnamente cometeu de forma tão hedionda. Pensa-se que um doente ou louco é alguém inconsciente do sofrimento ou da dor que se está causando. Por respeito às vítimas, nao só dele, mas de todos atos criminais, recuso-me à simplesmente explicar este gesto hediondo como loucura. Ou como reação à injustiça social. Ou qualquer outra explicaçào que denigre totalmente a capacidade do ser humano de sentir empatia. O que nos une em nossa humanidade é esta capacidade de empatia.

Para mim fica claro que ele era um psicopata. Inteligente, comedido, consciente da dor que estava planejando, um ser auto-centrado na sua própria idolatria. Jamais um ser simplesmente doente ou louco, ou um ser que sofre.
Todos sofremos, em menor ou maior grau. Mas nem todos escolhemos o ódio, por maior que este sofrimento seja.

O sofrimento, ao contrário do que muitos parecem julgar, nos torna ainda mais humanos e penalizados com a dor alheia.

Se ele tivesse um desejo de vingança contra uma pessoa específica, eu continuaria a dizer que era um louco mas enlouquecido pela mania de vingança devido à uma causa qualquer, legítima ou não. Mas, vingança contra a humanidade? Pelo fato de existir? De sofrer?

Porque é que para ele desconhecidos tinham que pagar pelo seu sofrimento?

Ele foi tão friamente capaz de planejar seu ato violento, construir isso no dia-à-dia, silenciosamente, só deixando algumas frases e imagens destilarem no seu orgulho de mostrar tanta violência contida. Calculista, ao contrário do que diz sua mãe, ele não era "um bom menino”. Um bom menino não entra em uma escola com várias armas na mão porque quer ver corpos dilacerados.