Auto Hemoterapia (http://www.planetaliteratura.com/index.php?view=detalhesartigo&codigo=37874):
A Analista Judiciária Genaura Tormin conta
Não me julgo uma pessoa doente, pois o que tenho é a seqüela de uma mielite transversa que, num dia qualquer da vida, sem aviso prévio, abruptamente meou-me o corpo, tornando-me paraplégica. De brinde, uma cadeira de rodas para deambular e um turbilhão de dificuldades para enfrentar. Uma limitação gritante, uma vez que me vi banida da locomoção e da sensibilidade tátil. Fiquei reduzida a apenas braços e cabeça.Particularmente, uso sonda vesical para escoar a urina acumulada e o resto comando com a codificação mental, além do exercício da paciência, do improviso e da capacidade para adaptar-me. Assim, sendo uma pessoa adulta, consciente, mulher de um profissional da saúde (dentista), assumi o risco.
Tomei as duas primeiras aplicações da auto-hemoterapia, de 5ml, com o objetivo exclusivo de prevenção, uma vez não cogitar melhoras para a paraplegia, minha companheira inseparável há 25 anos.
Por causa de um grande cisto no ovário (2,30x1,40x2,00cm e volume de 2,90cm3), constatado através de ultra-sonografia, aumentei a dose para 10ml. Já com vistas a uma intervenção cirúrgica, fiquei estupefata ao fazer outra ultra-sonografia, 4 dias depois do primeiro exame, e constatar que o cisto havia desaparecido.
Vítima há anos de uma trombose, que já recidivou 2 vezes, fiquei com a perna esquerda mais grossa do que a outra, incluindo a nádega, o que me causava um grande problema postural, forçando-me a usar um calço no assento da cadeira, lado direito, para melhorar-me o equilíbrio (medida orientada pelo fisioterapeuta que me assiste há alguns anos).
Qual não foi a surpresa ao notar que não mais precisava do calço e que a perna que sofrera a trombose estava quase igual à outra. Até mesmo para fazer os exercícios, o fisioterapeuta dispensou o calço, usado até então para a obtenção do equilíbrio.
A minha lesão é medular, com ausência de locomoção e sensibilidade a partir do nível T-4 (4ª vértebra torácica), o que significa dizer que estou (ou estava) inerte do peito para baixo.
A medula é basilar para o ser humano. É por meio dela que o cérebro envia as ordens para o funcionamento de todo o organismo. A mielite danifica os nervos e interrompe os fluxos nervosos com perda de sensibilidade. É uma lesão gravíssima. Chama-se Mielite Transversa porque acontece no sentido horizontal. São inúmeras as suas causas. É uma síndrome incapacitante, paralisa tudo o que esteja abaixo dela: pulmão, bexiga, intestino e aparelho sexual, além da locomoção. Se acontecer na porção cervical, a pessoa fica tetraplégica. Pode matar. Leigamente falando, acho que fui vítima de uma anestesia na região lombar. Talvez tenha sido a Raquidiana ou a Peridural. No meu livro, Pássaro Sem Asas, a partir da 3ª edição, acrescentei um capítulo intitulado ‘Pode ter sido anestesia’, em que conto todos os pormenores a respeito disso.
Estou paraplégica desde os 36 anos de idade. Acredito-me guerreira e a minha bandeira é otimista, razão de todo o meu sucesso como mãe, esposa e profissional. Tenho uma família linda: 4 filhos formados e bem endereçados na vida, além de um marido sempre encantado comigo. Depois de paraplégica ascendi, por concurso, aos cargos de Delegado de Polícia e Analista Judiciário. Luta é minha palavra de comando.
Nesses 25 anos não consegui melhoras no quadro locomotor ou na sensibilidade, a não ser a de cabeça que me endereça sempre ao alto.
Mesmo assim, continuo sendo perseguidora de sonhos, pois a paraplegia é uma experiência natural da vida humana. Não é por isso que vou entregar-me ao desalento. A vida continua
Estou fazendo auto-hemoterapia há 4 meses. Nesse ínterim, muita coisa tem mudado. Descubro-me sempre com alguma novidade: a sensibilidade que era na altura dos mamilos (T-4), hoje se encontra pouco acima do umbigo. Sinto, na região lombar, o abraço do encosto da cadeira. Consigo contrair o abdome, o que não fazia antes, pois o diafragma não obedecia ao meu comando. Para tossir tinha que dobrar o tronco sobre os joelhos para conseguir forças para tal.
Hoje, consigo mexer a bunda voluntariamente, quando estou em decúbito ventral, conseguindo direcioná-la para a esquerda ou direita, cuja velocidade se soma a cada dia. O equilíbrio melhorou muito, e conseqüentemente a qualidade de vida. Se continuar assim, acredito que vou recuperar o controle natural de minhas necessidades fisiológicas.
Trabalho no Tribunal pela manhã. Todos os dias, após tomar o café, consulto o relógio e se há ainda um tempinho, pego o jornal diário, ocasião em que só leio as manchetes e os subtítulos, tendo em vista estar sem os óculos para leitura. Descobri-me conseguindo ler os textos dos artigos! Não é bom?! A que se deve tudo isso? Não há outra resposta a não ser à auto-hemoterapia, única inovação na rotina diária.
Incrível? É! Inclusive para mim. Mas é VERDADE!
Meu fisioterapeuta a princípio muito reticente, teve que aceitar os benefícios da auto-hemoterapia diante das evidências tão significativas. Os testes comprovam os avanços que, jamais podem ser confundidos com placebos. São reais, físicos, visíveis! Ninguém melhor para mensurar tais aquisições do que eu, o fisioterapeuta, o meu marido e a minha família. Não espero andar, mas agradeço muitíssimo as melhoras registradas. Significam muito para mim!”.