Writing, Flying and Huevos Revueltos

August 10, 2006

Liberdade p/ os animais

Tive muita msg interessante comentando o meu POST DE ONTEM. Entre elas, transcrevo aqui uma que recebi da Adriana Cunha, e que está no site Animal Freedom.

História do cão:
O cão tem provávelmente o lobo cinzento como seu antepassado. As primeiras relações comprovadas entre o lobo e o homem datam de há cerca de 10.000 a 15.000 anos. O lobo é um animal muito social; vive tal como o homem em grupos (chamados matilhas) com uma hierarquia social, na qual alguns ocupam posições de chefia. Isto faz que seja possível e desejável mantê-lo como animal de companhia, e neste caso o lobo reconhece o homem como seu superior. Então criaram-se certas exigências ao comportamento e aparência do lobo. Não se sabe ao certo se foi o homem que se acercou do lobo ou se o lobo procurou o homem. Ambos tinham vantagens da situação emergente: o lobo foi usado pelo homens na caça, ajudava a conduzir as manadas, e avisava da presença de inimigos. Por sua parte o homem garantia que o lobo tivesse sempre que comer.

Durante a Idade Média o cão foi cada vez mais apreciado pois conferia estatuto social. Desde então multiplicou se o número de raças existentes e foram criados cães em função de seleção por tamanho, comprimento, côr, forma da cabeça, comportamento e aspecto mimoso. Esta selecção continua hoje em dia a ser feita.

Hoje em dia existem cães de todas os tipos e medidas. Existem mais de 400 raças de cães. Pertencem todavia à mesma espécie, o que quer dizer que todas as raças podem ser cruzadas entre si, e podem ter descendentes férteis. Todas foram criadas pelo ser humano, isto é, ele decide quais cães serão cruzados a fim de obter as caracteristicas desejadas. O ser humano está portanto como que a brincar de Deus: "Uma cabeça um pouco mais pequena, umas patas um pouco mais curtas, e umas orelhas engraçadas".


Hoje em dia existe uma autêntica indústria canina dedicada à criação de cães e que (dis)forma estes animais conforme as intenções e exigências humanas. As consequências desta (re)criação extrema e irresponsável para os cães são muitas.

Um método muito usado pelos criadores de cães para manter e acentuar certas características das raças é o cruzamento de cães da mesma linha familiar, o que é uma forma de endogamia. Este método tem como consequência directa o aumentar das probabilidades de aparecerem erros genéticos e doenças. Assim, a selecção natural, a qual cuidaria da eliminação de animais doentes, ou pouco viáveis, é lograda, uma vez que é o ser humano se encarrega da sobrevivência do animal.


Chihuahua
Característica da raça: Uma grande cabeça,
disproporcionada em relação ao resto do corpo.
Consequência: as crias dos Chihuahuas só podem
nascer por cesariana, porque as cabeças dos
cachorros são tão grandes que tornam impossível o
parto natural. Também é comum que os ossos do
crânio não se cheguem a fundir, o que é
considerado uma característica da raça.

Pequineses
Característica da raça: focinho diminuto
Consequência: chega a acontecer em certos
exemplares os olhos cairem da órbita ocular,
porque esta não os segura bem.

Boxer
Característica da raça:focinho diminuto
Consequências: Os boxers têm mais frequêntemente
dificuldades respiratórias devido ao focinho "esmagado".

Estes são apenas uns poucos exemplos de doenças e variações desvantajosas que existem no que respeita aos sistemas hormonal, nervoso e circulatório, sanguínio, ocular, digestivo e ósseo (esqueleto) assim como certas outras deficiências imunitárias em relação directa com a criação e seleccão exagerada de cães. Dores e sofrimento constantes podem ser a consequência das decisões intencionadas a manter e fortificar certas caracteristicas específicas das raças.

Basset
Característica da raça: Dorso alongado
Consequências: acontece por vezes nos bassets
que os discos das vértebras se deslocam devido à
instabilidade causada pelo comprimento exagerado
da coluna vertebral, o que pode causar paralisia
e/ou dores constantes.

Pastores alemães
Característica da raça: ancas descaídas
Consequências: Os pastores alemães têm
frequentemente os ossos e as articulações das
ancas mal formados, o que pode provocar
paralisias e dores constantes.

Terriers
(certos tipos)
Característica da raça: mandíbulas pequenas
Consequências: Estes terriers têm um
desenvolvimento anómalo dos ossos dos queixos,
devido ao qual podem ter dificuldades na mastigação.


Se os resultados desejados não podem ser (rápidamente) alcançados pela selecção dos reprodutores, por vezes depois do nascimento são cortadas as caudas ou as orelhas, ou então ligadas ou quebradas. A seguir à proibição dos cortes das orelhas, foi também proibido após 1 de Setembro de 2001, na Holanda, o corte das caudas. A amputação sem anestesia de uma parte das patas ainda é permitido antes do quarto dia de vida (supõe-se que só depois o sistema nervoso seria capaz de transmitir dor).

A manutenção das características da raça é a prioridade. A criação de animais dotados de características saudáveis é algo de secundário. Os animais são assim vitimizados porque as pessoas acham que cães com um certo aspecto parecem mais amáveis, engraçados ou bonitos. Quase todas as raças de cães sofrem os efeitos negativos desta (re)criação selectiva com fins comerciais.

À ter em atenção: quem mesmo assim compra um cão destes, patrocina indirectamente estas práticas. Enquanto houver procura, continuará a haver oferta.

Desvantagens para o cão:
Além dos problemas fisiológicos introduzidos pelos criadores, há ainda outras consequências nocivas ao bem-estar do cão. O ser humano coloca todas as espécies de exigências ao comportamento do cão, devido às quais não lhe é possível exprimir seu comportamento natural. Quanto a estes aspectos há a contar com:

Alimentação
É o dono que decide quando, quais, e quantas
vezes, o cão recebe os seus alimentos.

Saídas a passear
O dono decide onde, quantas vezes e quanto tempo o
animal pode sair. Só pode sair quando isso convier
ao dono. Muitas vezes o animal é levado preso pela
trela, o que o limita muito nos seus movimentos.

Movimento
Acontece muitas vezes que o cão não tem em casa um
espaço adequado para se movimentar.
Por toda a parte estão móveis e obstáculos, e os
quartos já são por si demasiado pequenos. Um cão é
um animal que por sua natureza precisa muito de
espaço para poder correr e brincar.

Atenção
O cão só recebe atenção quando isso convém ao
dono. É verdade que existe uma interacção entre o
cão e o seu dono, mas se o dono não estiver
interessado, o cão é ignorado.

Comportamento social
O cão é um animal social. Está habituado a ocupar
uma posição num grupo. Quando o cão é colocado a
viver numa casa duma família, a intenção é faze-lo
automáticamente ocupar a posição mais baixa.
Nem todos os cães aceitam esta posição
naturalmente, o que dá por vezes (sobretudo com
crianças) origem a conflitos graves. O cão é de
origem um animal que vive em matilhas, num grupo
formado por elementos da sua espécie. O contacto
que tem com outros cães é muito limitado, até
porque geralmente é o único cão em casa.
Como não vive em grupo, não tem a possibilidade de
se comportar da sua forma natural, comportamento
que seria contrário ao que dele é exigido pelo
dono, e em função do qual tem de ser condicionado.
O comportamento que dele é exigido é antinatural.

Além destas desvantagens para os cães há, como é evidente, também desvantagens para os seres humanos.

Comportamento sexual
A repressão do comportamento sexual é uma parte
da educação do cão, porque este instinto natural
implica actividades que são consideradas
indesejáveis, como por exemplo o roçar-se contra
o corpo das pessoas, expressões de excitação e o
perseguir doutros cães. A castração e a esterilização
são comuns, para evitar que inesperadamente
apareçam crias. Uma outra razão é para reprimir
a excitação sexual, que geralmente é considerada
indesejável e causa de embaraços.
Existe, é claro uma relação interactiva entre o
cão e o homem, mas trata-se sobretudo duma
direcção única, o homem possui o animal, e é ele
que dirige e decide. Embora muita gente tenha as
melhores intenções quanto ao seu cão, não deixa
de ser o ser humano que por fim obriga o cão a
aceitar a sua vontade. O cão é obrigado a sofrer
restrições em quase todos os seus comportamentos
e necessidades, e é obrigado a sujeitar-se às
"necessidades" humanas. No seu habitat natural o cão
é também disciplinado pela sua posição na hierarquia do
grupo. Mas vivendo com o homem a sua sujeição é
extrema. Um cão vivendo na natureza nem sempre ocupa a
posição ínfima a que é sujeitado entre os seres
humanos. Não vivem por exemplo atrelados, que
lhes restringe os movimentos, podem sempre fazer
as suas necessidades, e têm muito mais
interacções com membros da sua espécie.


A indústria por detrás dos animais domésticos:
Neste momento (princípio de 2000) existem na Holanda (além de 16 milhões de pessoas) uns 15 milhões de animais de estimação. Há mais de 1700 lojas especializadas onde se podem comprar os animais e/ou os artigos relacionados. Gasta-se cada ano cerca de 600 milhões de florins em animais domésticos dos quais 87% em cães e gatos. Como assim se vê, por trás dos nossos animais domésticos floresce uma grande indústria. Não só para criar os animais, para os capturar ou para os manter em asilos, mas também para a produção e venda de artigos acessórios como comida, gaiolas e brinquedos.

Os animais são criados e produzidos de forma adaptada aos caprichos humanos. Usando técnicas de marketing os vendedores continuam a persuadir cada vez mais pessoas a comprar "um bichinho muito querido". Aqui tal como na bio-indústria verifica-se uma ampliação de escala e exageros de selecção dos criadores, com todas as consequências relacionadas.

Por exemplo, o coelho angora é apenas um dos muitos "modelos" de coelhos à venda hoje em dia. O homem decide o que acha bonito, e re-cria o animal por meio de excessos de selecção reprodutiva. Pouca ou nenhuma atenção é concedida aos interesses do animal em si. Algumas espécies, sobretudo as exóticas são roubadas ao seu ambiente natural. Só para a Holanda destinam-se uns 22 milhões de animais por ano. Em média, 1 a 3 por cento desses morre durante o transporte e em depósitos, ou seja uns 220.000 a 660.000. No caso das aves morrem 50 a 60%. Os animais que sobreviverem a viagens esgotantes, vão passar o resto da vida engaiolados só para o prazer humano.

Anualmente, apenas na Holanda, uns 22 milhões de animais exóticos são roubados ao seu ambiente natural. Muitos animais passam toda a vida fechados num espaço exíguo. Por exemplo os pássaros, os coelhos, os porquinhos da Índia, os peixes. Estas condições não estão de acordo com a sua natureza, e práticamente não têm a possibilidade de viverem conforme as suas necessidades naturais. Não tem espaço para o seu comportamento natural, como fazer tocas, contactar com outros coelhos, ou comportamento sexual.

Temos o direito de reduzir um animal a isto ?





K.
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