Foi num sonho lúcido que Mary Shelley teve a visão inicial para criar Frankenstein or the Modern Prometheus (1818): “My imagination, unbidden, possessed and guided me, gifting the successive images that arose in my mind with a vividness far beyond the usual bounds of reverie…I saw the pale student of unhallowed arts kneeling beside the thing he had put together—I saw the hideous phantasm of a man stretched out, and then, on the working of some powerful engine, show signs of life, and stir with an uneasy, half-vital motion…What terrified me will terrify others; and I need only describe the spectre which had haunted my midnight pillow.”
Como é que a beleza sobrevive intimamente com o horror?
Fui intoxicada, desde que comecei a pintar à óleo, com vários tipos de venenos sórdidos e belos porque eu comia a cor, pela beleza das tintas e ansiedade de ficar mastigando os pincéis. Mas isso não é nada, assumo com tranquila sabedoria os meus jadis gostos macabros embora na época eu fosse totalmente inconsciente de que estava tranquilamente me envenenando. Cito isso não querendo comparar meus talentos com os de Beethoven (de verdade, é no cabelo dele que eu me lembro quando penso no meu lento envenenamento desde os 13 anos de idade; mas isso é uma outra história, a dos cabelos do Beethoven, e que vou contar uma outra vez).
Sobre a beleza misteriosa e profunda, realmente profunda, do azul da Prússia, e que tem tbém muito à ver com o cianureto - veneno famoso por ter matado muita gente através da história e que é uma das mais belas cores que existe, vou falar agora: pois é, o azul da Prússia que eu tanto gosto, tem a ver com o maior mito inventado na modernidade - Frankenstein - sabiam ?
A relação entre a autora de Frankenstein, entre o poeta atormentado Shelley, entre o debochado Lord Byron e o personagem Frankenstein ele-mesmo tbém é muito interessante.
La voilà : Mary Shelley era casada com Percy Bysshe Shelley, considerado um dos maiores poetas da língua inglesa, embora romântico e sensível demais e muitas vezes chatinho. Ela tinha 18 anos quando escreveu Frankenstein e 16 qdo fugiu com o poeta, que era casado, causando assim o suicídio da esposa grávida dele. Alguns anos depois Shelley tbém se suicidaria.
Nascida em Londres, Mary Shelley era filha da filósofa féministe Mary Wollstonecraft e do escritor político William Godwin, bêbado notório que maltratava a mulher mas graças ao quê ela se tornou feminista, fato este que acrescentado ao seu exímio talento de escritora gerou textos importantes sobre o trabalho das mulheres e das classes sociais pobres da época. O círculo de tragédias na vida da mãe de Frankenstein iniciou-se dez dias depois de seu nascimento, sua mãe morrendo devido à complicações do parto; mas isso possibilitou que o pai bêbado e filósofo dela se casasse com Mary Jane Clairmont, tradutora dos contos dos irmãos Grimm. É aí que entra a importância do efeito borboleta na vida de Mary: em 1813, Mary Clairmont leu para Mary Shelley uma carta de Jacob Grimm - vc sabem quem é, não é verdade? - aonde ele cita uma história sobre como o alquimista e médico Johann Conrad Dippel tentou criar um ser à partir de partes de cadáveres. A história do titão moderno foi se desenvolvendo na cabeça de Mary à partir daí.
Mas aqui no meu assunto, o interessante é que o tal alquimista Johann Conrad Dippel fazia as experiências sobre a criação de uma espécie de Golem no laboratório de seu castelo, justamente, o mesmo aonde foi inventado a cor azul da Prússia!! Assim, de uma certa forma, o azul da Prússia é irmão de Frankenstein!
Mas voltando à Mary, o romance foi escrito no início da utilização da eletricidade e isso tem sua importância crucial pois gera todo um questionamento existencialista sobre a "energia criativa". A ideía do romance ficou rondando na imaginação dela por 3 anos e aflorou sobre papel numa visita que ela e Shelley fizeram a Lord Byron. Durante o verão de 1816, Mary (com 19 anos) e Shelley visitaram Lord Byron na Villa Diodati, na Suiça; em meio à uma discussão sobre literatura gótica alemã, Byron desafiou os dois e seu médico pessoal, John William Polidori, à escreverem cada um uma história cujo vencedor seria o autor da mais apavorante delas.
Mary escreveu o germe de Frankestein depois de um noite mal dormida aonde ela teve um estranho sonho lúcido e a ideía da criação de um homem com a ajuda de uma energia de essência divina conhecida desde a antiguidade como o "Fogo do Céu"; segundo o filósofo Plínio, o Velho, a utilisação desta energia era um sacrilégio cujas consequências seriam terríveis, o que originou o nome «Prometeu Moderno», alusão ao titão que ofereceu o Fogo Sagrado à humanidade.
Byron escreveu um fragmento de legendas que ele ouviu nos Balkans e Polidori criou The Vampyre (1819), que seria o precursor do gênero literário.
Voilà que dois grandes mitos da literatura gótica foram criados na mesma circustância e por desafio de Lord Byron!
(Existe um filme chamado Gothic, de 1986, de Ken Russel com Gabriel Byrne, Julian Sands e Natasha Richardson, que conta como cada um deles escreveu uma obra nestas férias).
Links:
Dark Romanticism: Byron, Coleridge, Mary Shelley, and the Pursuit of the Supernatural
The Thomas Dolby blog
Fui intoxicada, desde que comecei a pintar à óleo, com vários tipos de venenos sórdidos e belos porque eu comia a cor, pela beleza das tintas e ansiedade de ficar mastigando os pincéis. Mas isso não é nada, assumo com tranquila sabedoria os meus jadis gostos macabros embora na época eu fosse totalmente inconsciente de que estava tranquilamente me envenenando. Cito isso não querendo comparar meus talentos com os de Beethoven (de verdade, é no cabelo dele que eu me lembro quando penso no meu lento envenenamento desde os 13 anos de idade; mas isso é uma outra história, a dos cabelos do Beethoven, e que vou contar uma outra vez).
Sobre a beleza misteriosa e profunda, realmente profunda, do azul da Prússia, e que tem tbém muito à ver com o cianureto - veneno famoso por ter matado muita gente através da história e que é uma das mais belas cores que existe, vou falar agora: pois é, o azul da Prússia que eu tanto gosto, tem a ver com o maior mito inventado na modernidade - Frankenstein - sabiam ?
A relação entre a autora de Frankenstein, entre o poeta atormentado Shelley, entre o debochado Lord Byron e o personagem Frankenstein ele-mesmo tbém é muito interessante.
La voilà : Mary Shelley era casada com Percy Bysshe Shelley, considerado um dos maiores poetas da língua inglesa, embora romântico e sensível demais e muitas vezes chatinho. Ela tinha 18 anos quando escreveu Frankenstein e 16 qdo fugiu com o poeta, que era casado, causando assim o suicídio da esposa grávida dele. Alguns anos depois Shelley tbém se suicidaria.
Nascida em Londres, Mary Shelley era filha da filósofa féministe Mary Wollstonecraft e do escritor político William Godwin, bêbado notório que maltratava a mulher mas graças ao quê ela se tornou feminista, fato este que acrescentado ao seu exímio talento de escritora gerou textos importantes sobre o trabalho das mulheres e das classes sociais pobres da época. O círculo de tragédias na vida da mãe de Frankenstein iniciou-se dez dias depois de seu nascimento, sua mãe morrendo devido à complicações do parto; mas isso possibilitou que o pai bêbado e filósofo dela se casasse com Mary Jane Clairmont, tradutora dos contos dos irmãos Grimm. É aí que entra a importância do efeito borboleta na vida de Mary: em 1813, Mary Clairmont leu para Mary Shelley uma carta de Jacob Grimm - vc sabem quem é, não é verdade? - aonde ele cita uma história sobre como o alquimista e médico Johann Conrad Dippel tentou criar um ser à partir de partes de cadáveres. A história do titão moderno foi se desenvolvendo na cabeça de Mary à partir daí.
Mas aqui no meu assunto, o interessante é que o tal alquimista Johann Conrad Dippel fazia as experiências sobre a criação de uma espécie de Golem no laboratório de seu castelo, justamente, o mesmo aonde foi inventado a cor azul da Prússia!! Assim, de uma certa forma, o azul da Prússia é irmão de Frankenstein!
Mas voltando à Mary, o romance foi escrito no início da utilização da eletricidade e isso tem sua importância crucial pois gera todo um questionamento existencialista sobre a "energia criativa". A ideía do romance ficou rondando na imaginação dela por 3 anos e aflorou sobre papel numa visita que ela e Shelley fizeram a Lord Byron. Durante o verão de 1816, Mary (com 19 anos) e Shelley visitaram Lord Byron na Villa Diodati, na Suiça; em meio à uma discussão sobre literatura gótica alemã, Byron desafiou os dois e seu médico pessoal, John William Polidori, à escreverem cada um uma história cujo vencedor seria o autor da mais apavorante delas.
Mary escreveu o germe de Frankestein depois de um noite mal dormida aonde ela teve um estranho sonho lúcido e a ideía da criação de um homem com a ajuda de uma energia de essência divina conhecida desde a antiguidade como o "Fogo do Céu"; segundo o filósofo Plínio, o Velho, a utilisação desta energia era um sacrilégio cujas consequências seriam terríveis, o que originou o nome «Prometeu Moderno», alusão ao titão que ofereceu o Fogo Sagrado à humanidade.
Byron escreveu um fragmento de legendas que ele ouviu nos Balkans e Polidori criou The Vampyre (1819), que seria o precursor do gênero literário.
Voilà que dois grandes mitos da literatura gótica foram criados na mesma circustância e por desafio de Lord Byron!
(Existe um filme chamado Gothic, de 1986, de Ken Russel com Gabriel Byrne, Julian Sands e Natasha Richardson, que conta como cada um deles escreveu uma obra nestas férias).
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Dark Romanticism: Byron, Coleridge, Mary Shelley, and the Pursuit of the Supernatural
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