Writing, Flying and Huevos Revueltos

September 13, 2006

O português é a quinta língua mais falada no mundo, com 200 milhões de usuários



Sabiam que o português é a quinta língua mais falada no mundo, com 200 milhões de usuários?
Sabiam também que existe o
Museu da Língua Portuguesa na Estação da Luz, em SP?
Pois é, se vc quizer ouvir o poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, lido por Chico Buarque, e ouvir outras canções do exílio inspiradas neste poema e entre elas as engraçadíssimas "Migna Terra" de Juó Bananére* (1924) e a "Canção do Exílio" de Murilo Mendes (1931), tão atuais e eternamente verdadeiras p/ quem vive em exílio como nós brasileiros aqui no Canadá e em outras partes do mundo?
UUUffff, preciso de ar.....

Bom, vc terá que fazer assim (explico direitinho porque a navegação no site deixa à desejar p/ quem chega assim de repente):
- Clique no "Bem-vindo ao Museu da Língua";
- clique em "Praça da Língua";

- Logo vc vai ver embaixo os 4 espaços aonde poderá escolher ouvir e ler "Canção do Exílio" em diferentes versões. É só clicar e esperar.

* Conta a lenda que o personagem Juó Bananére foi criado pelo desenhista Voltolino, sócio de Oswald de Andrade em "O Pirralho", mas quem insuflou energia ao italiano do Bexiga que fala uma mistura de português e dialeto napolitano, foi mesmo Alexandre Machado que tinha herdado a coluna de Andrade e vestiu o personagem com um humor anárquico.

Leia aqui o "Migna Terra", mas vc tem realmente que ouvir, pois foi escrito p/ ser falado, p/ ter idéia do hilário da coisa.

Migna terra tê parmeras,
Che ganta inzima o sabiá.
aves che stó aqui,

Tambê tuttos sabi gorgeá.
A abobora celestia tambê,
Che té lá na mia terra,
Tê moltos millió di strella

Che non tê na Ingraterra.
Os rios lá sô maise grandi
Dus rio di tuttas naçó; I os matto si perdi di vista,
Nu meio da imensidó. Na migna terra tê parmeras
Dove ganta a galligna dangola;
Na migna terra tê o Vap'relli,
Chi só anda di gartolla.

. . . . . . . . . . .

Um outro poema de Juó Bananére:

Sunetto Crassico

Sette anno di pastore, Giacó servia Labó,
Padre da Raffaela, serrana bella,
Ma non servia o pai, che illo non era trouxa nó!
Servia a Raffaela p'ra si gazá c'oella.
I os dia, na speranza di un dia só,
Apassava spiano na gianella;
Ma o páio, fugino da gombinaçó,
Deu a Lia inveiz da Raffaela.
Quano o Giacó adiscobri o ingano,
E che tigna gaido na sparella,
Ficô c'um brutto d'um garó di arara,
I incominciô di servi otros sette anno
Dizeno: Si o Labó non fossi o pai d'ella
Io pigava elli i li quibrava a gara.

Juó Bananére

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Pena que não estou em SP agora, senão iria visitar o museu e ver a exposição temporária concebida por Bia Lessa sobre Guimarães Rosa. Fiz um copy/paste dos links que levam à Guimarães Rosa: